O setor de óleo e gás do Brasil, composto por tecnologia avançada e imensos reservatórios que viabilizam a exploração de grandes volumes com menos perfurações, comemora o fato de que possui uma das mais baixas taxas de emissões de carbono por barril produzido. No entanto, esta vantagem, ainda não quer dizer uma procura maior pelo óleo brasileiro ou valores mais elevados que levam o atributo ambiental em consideração. Portanto, especialistas entrevistados pela MegaWhat tem opiniões diferentes sobre qual deverá ser o efeito prático desta condição no mercado.
De acordo com o IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás), o petróleo do Brasil possui uma média de 17 quilos de dióxido de carbono (CO2), que equivale por barril, alcançando os 10 quilos de CO2 equivalente em alguns campos do pré-sal, já a média mundial é de 20 quilos de CO2 equivalente. Há três anos, a Petrobras fez cálculos que apontavam ter emitido menos de 9,5 quilos de CO2 equivalente por barril nos campos situados em Tupi e Búzios.
Descarbonização é uma vantagem do setor brasileiro
No contexto de procura por descarbonização, este número é apontado de maneira frequente por agentes do setor como uma vantagem competitiva importante para o óleo brasileiro, que apresenta uma resiliência maior do que o petróleo de outras áreas devido a sua pegada de carbono ser menor.
Entretanto, esta vantagem, ainda não reflete no mercado. Roberto Ardenghy, o presidente IBP, entende que a intensidade de carbono mais baixa do petróleo brasileiro atualmente é ‘soft power’: “Não é porque o Brasil emite hoje um petróleo menos carbonizado que você tenha um prêmio. Mas a gente vê isso como uma tendência a partir de 2027, por conta da consolidação do mercado mundial de carbono”, afirmou Ardenghy durante um evento que ocorreu em dezembro de 2024.
A avaliação é semelhante com a da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), de acordo com Heloísa Borges, a diretora de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da estatal. “Conforme a gente avança na modelagem emissões, ao longo de todo o ciclo de vida dos produtos e dos processos industriais, um petróleo que emitiu menos para ser produzido passa sim a ter um prêmio, porque você começa, digamos, a ‘economizar’ emissão”, afirmou a MegaWhat.