A expectativa em torno dos carros elétricos no Brasil está esfriando. Mesmo com as vendas desses veículos estejam aumentando no mercado de novos, a desvalorização dos modelos usados vem surpreendendo tanto para consumidores quanto para frotistas.
De acordo com consultores automotivos, veículos 100% elétricos com dois a três anos de uso e baixa quilometragem estão sendo vendidos por até 45% abaixo da tabela Fipe.
Em alguns casos, o custo da revenda é menos da metade do preço original pago por um carro novo. Outro estudo feito pela Kelly Blue Book (KBB) comprovou que, em 2023, os carros elétricos usados no país desvalorizaram até 47% desde 2022 ao serem trocados por modelos novos.
A principal plataforma de venda de seminovos e usados no Brasil, Webmotors, atribuiu uma desvalorização média de 12% nos preços dos carros movidos a bateria esse ano.
Esse percentual é o dobro dos 6% de depreciação vistos nos veículos híbridos e quase seis vezes maior do que a média, de 2,25%, de desvalorização dos automóveis seminovos convencionais.
A baixa no preço dos carros 100% elétricos depois da aquisição e o suposto atrativo extra não atrai um potencial número maior de compradores. Os modelos elétricos, em média, têm ficado até 1 ano encalhado nas lojas.
Em entrevista, Milad Kalume, consultor automotivo e ex-CEO da Jato, explicou que a principal preocupação dos compradores de carros elétricos é a duração da bateria.
“Estudos mostram que a bateria de um elétrico dura em torno de 8 anos. De forma prática, quando você precisa repor essa bateria o custo ainda é muito alto, basicamente, responde pelo valor total do veículo. Fica inviável, é carro para ser descartado”, disse Kalume.
De acordo com o consultor, a falta de mão de obra especializada para lidar com falhas mecânicas dos carros 100% elétricos também contribui para grande desvalorização e baixa procura por compra dos carros movidos a bateria seminovos ou usados no Brasil.