O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma condição que afeta milhões de brasileiros, impactando significativamente suas vidas diárias. Dados do Ministério da Saúde e do IBGE de 2022 indicam que cerca de 11 milhões de pessoas no Brasil convivem com esse transtorno. Essa condição não apenas influencia o desempenho escolar e profissional, mas também pode ter consequências graves na saúde geral e na expectativa de vida.
Estudos recentes revelam que homens com TDAH vivem, em média, 6,78 anos menos do que aqueles sem o transtorno, enquanto mulheres podem ter uma redução de até 8,64 anos em sua expectativa de vida. Esses dados foram publicados no início de 2025 no The British Journal of Psychiatry, após análise de registros médicos de mais de 9,5 milhões de pessoas no Reino Unido.
Qual é a Prevalência do TDAH em Diferentes Faixas Etárias?
A prevalência do TDAH varia conforme a faixa etária. Entre crianças e adolescentes de 6 a 17 anos, a taxa é de aproximadamente 7,6%. Já entre adultos de 18 a 44 anos, cerca de 5,2% apresentam o transtorno. Curiosamente, a prevalência aumenta para 6,1% em adultos acima de 44 anos.
Esses números refletem um aumento nos diagnósticos, especialmente em adultos, devido a uma maior conscientização sobre o transtorno. O Sistema Único de Saúde (SUS) registrou quase 1 milhão de atendimentos relacionados ao TDAH em 2023, e entre janeiro e outubro de 2024, esse número já ultrapassava 770 mil.
Isso indica uma crescente busca por diagnóstico e tratamento, especialmente entre adultos que, muitas vezes, só são diagnosticados na vida adulta.
Por Que o TDAH Reduz a Expectativa de Vida?
A pesquisa realizada no Reino Unido, que analisou dados de mortalidade, sugere que a mortalidade é quase duas vezes maior entre adultos com TDAH em comparação com aqueles sem o transtorno. Entre os homens diagnosticados, 0,83% morreram, em comparação com 0,52% no grupo controle. Para as mulheres, esses números foram de 2,22% e 1,35%, respectivamente.
Embora as causas específicas das mortes não tenham sido avaliadas, fatores como maior incidência de doenças físicas e mentais, tabagismo, uso de álcool e outras substâncias, além de menor acesso a cuidados médicos adequados, podem explicar essa diferença. A impulsividade e a desatenção características do TDAH também podem aumentar o risco de mortes por causas não naturais, como acidentes de trânsito.
O TDAH é Subdiagnosticado?
Embora o TDAH seja frequentemente associado à infância, ele pode persistir na vida adulta. Estimativas globais indicam que cerca de 2,8% da população adulta vive com TDAH. No entanto, a pesquisa no Reino Unido revelou que apenas 0,32% dos adultos analisados tinham um diagnóstico formal, sugerindo que a condição é amplamente subdiagnosticada.
O diagnóstico preciso de TDAH é desafiador, mesmo com critérios bem definidos no DSM-5. Sintomas como desatenção e agitação são comuns, mas não suficientes para confirmar o transtorno. É necessário um padrão persistente de sintomas que afete significativamente a vida da pessoa para um diagnóstico correto.
Quais Medidas Podem Melhorar a Situação?
Os resultados do estudo britânico destacam a necessidade de políticas públicas que ampliem o diagnóstico e o acesso a tratamento especializado para adultos com TDAH. Isso pode ajudar a evitar o agravamento das desigualdades e reduzir os riscos de morte prematura associados ao transtorno.
Especialistas defendem a capacitação de profissionais de saúde, investimento em treinamento e aumento do acesso ao tratamento. Reconhecer e tratar o TDAH corretamente pode fazer uma grande diferença na vida das pessoas afetadas, reduzindo as vulnerabilidades e melhorando a qualidade de vida.