A necessidade de aceleração da transição energética mundial eleva a demanda por estudos sobre fontes renováveis e uma maior eficiência das que já existem. Especialistas apontam que as inovações correspondentes a fontes solar e eólica, além da energia nuclear e do hidrogênio verde, são as mais promissoras.
De acordo com a pesquisa da Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena) do ano passado, é necessário redobrar a eficiência das fontes renováveis e triplicar a capacidade de geração até 2030 para limitar o aquecimento global a 1,5°C. Mesmo com diversos avanços, ainda existem desafios que precisam ser superados para o ganho de escala de novas tecnologias. Um professor da FGV, Jonathan Colombo, explicou que, em função do custo, risco e eficiência, a pesquisa está buscando aprimorar tecnologias existentes.
A comparação de custos entre fontes é pelo custo nivelado de energia (LCOE).
“Entre as fontes renováveis, a solar é a mais competitiva. Em 2010, a energia fotovoltaica custava 700% mais que a fóssil mais barata. Em 2022, já era 29% mais barata” afirmou Colombo.
Módulos de perovskita
No estudo sobre células fotovoltaicas, há pressa para o desenvolvimento comercial dos módulos de perovskita, um material produzido em laboratório através de substâncias como iodeto de chumbo.
“As placas têm eficiência similar à de células de silício, que dominam o mercado, mas podem ser produzidas com um terço do custo” afirmou a diretora do Centro de Inovação em Novas Energias (Cine) e professora da Unicamp, Ana Flávia Nogueira.
Entretanto, o fator que limita o ganho de escala, é a vida útil da perovskita, de dois anos, contra 20 anos dos painéis de silício, diz o professor da FGV, Edson Escames.
Mês passado, o laboratório Oxford PV comunicou a primeira venda de painéis de perovskita com eficiência de 24,5% (isto é, um painel de 1 m2 é capaz de produzir 245 kWh por ano), próxima dos 26% das placas de silício. Essa experiência comercial determinará a durabilidade dos módulos. No Brasil, o Cine produz protótipos com eficiência de 22%, querendo chegar a 24% ainda neste ano. Há ainda pesquisar para combinar perovskita e silício, podendo aumentar a eficiência para em o torno de 30%.