O que está ganhando relevância na mesa dos investidores globais é um fator geopolítico que prioriza regiões com energia limpa abundante de custo baixo, matéria-prima de qualidade e facilidade de escoamento para mercados globais. Isso significa que as regiões com maior disponibilidade de energia sustentável e barata vão ficar à frente na corrida por investimentos.
O termo Powershoring significa a busca por polos de transição energética com o diferencial de reunir energia limpa, insumos e facilidades para atender grandes consumidores globais. O Brasil é um candidato forte para assumir o protagonismo nessa agenda, no entanto, precisa enfrentar alguns obstáculos. Entre os principais desafios, estão inclusos a insegurança política e jurídica e a perda de fôlego no desenvolvimento de infraestrutura, sobretudo no setor elétrico.
“O Brasil assume uma posição de destaque por ter a matriz energética mais limpa do G20, com amplo acesso a recursos naturais que permitem geração abundante de energia renovável em locais com fácil escoamento para Europa e Ásia, através de cadeias produtivas com baixas emissões”, observa a sócia e head da área de energia do FAS Advogados, Elise Calixto.
O cerne do powershoring
A sócia da Deloitte Brasil para estratégia em sustentabilidade e inovação, Maria Emilia Peres, diz que a essência do powershoring é potencialização da energia renovável e limpa em algumas regiões estratégicas do mundo para gerar ganho nas cadeias produtivas. Além de possuir um diferencial competitivo econômico devido a matriz energética limpa, essas regiões se diferenciam por produzirem recursos naturais de qualidade, como minério de ferro, essencial para obter o aço verde.
Na disputa pelo pódio do powershoring, o Brasil tem competidores como Chile, México e os países do Oriente Médio, grandes produtores de energia a baixo custo. Peres observou que a localização geográfica do Chile dificulta o atendimento aos mercados da Europa, mesmo que o país esteja desenvolvendo bem o arcabouço regulatório e econômico.