De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico, ONS, a onda de calor e a estiagem, que intensificam queimadas e afetam os rios da Amazônia, levaram a região Norte a bater, recorde de consumo de energia, na terça-feira, dia 20 de agosto.
Autoridades do setor elétrico nacional estão preocupados com a seca na região. Porém alguns especialistas que foram ouvidos pela Folha não veem risco de apagões no país, que conta com parque térmico para garantir o abastecimento.
Segundo o boletim preliminar da operação do ONS, o consumo médio de energia da região Norte bateu 8.297 MW (megawatts) médios na segunda, dia 18 de agosto, superando os 8.274 MW médios o recorde anterior, de 8 de agosto de 2023.
O que levou a ONS a determinar a geração de hidrelétricas locais em volume superior ao programado inicialmente foi o maior consumo, que o operador vem tentando evitar com o objetivo de poupar água para o fim do período seco, no terceiro trimestre.
Por causa da seca nos últimos meses, as hidrelétricas da região estão gerando volumes de energia inferiores aos normais para esse período do ano. Por exemplo, na semana passada, a geração média ficou em 2.976 MW médios, contra 3.703 MW médios do mesmo período de 2023.
Na última reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, CMSE, o ONS, sugeriu o uso de térmicas para poupar água nos rios da região Norte, considerados fundamentais para garantir o abastecimento da demanda do início da noite que é quando as usinas solares param de gerar energia.
A Agência Nacional de Energia Elétrica afirmou que está buscando antecipar a operação de uma térmica da Neoenergia em Pernambuco e que está procurando outras usinas que estão hoje sem contrato para avaliar a probabilidade de operação nesse fim de período seco.
No entanto, a proposta foi criticada por grandes consumidores de eletricidade, que estão temendo impactos no valor da energia no país. E sugeriram como medida alternativa, um programa de redução voluntária de demanda industrial.
“Acho que não estamos diante de uma grave crise”, diz Luiz Eduardo Barata, presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, que já comandou o ONS.