De acordo com a projeção da Prefeitura de São Paulo, seriam necessários cerca de R$ 20 bilhões somente para enterrar a fiação elétrica na região central da capital. Esta alternativa diminuiria a recorrência de apagões na cidade, porém é considerada cara pelos atores envolvidos.
A maior parte das falhas na distribuição de energia em episódios de ventania e chuvas, como o que ocorreu na noite da última sexta-feira, 11 de outubro, são devido a interferência de árvores e galhos que atingem a fiação. Portanto, enterrar os cabos evitaria danos.
Em tese, a responsabilidade por estes investimentos seria da concessionária de distribuição (a Enel, no caso de São Paulo), que tem ppp com o governo federal. Como explica Edvaldo Santana, o ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o problema é que estes custos acabariam repassados à conta de luz dos brasileiros.
“Todos esses custos são repassados para a tarifa de energia, o que a encarece a conta de luz. Se for necessário investir R$ 20 bilhões, o governo não quer que isso seja integralmente repassado para os consumidores. O problema é tarifário, e há incertezas sobre como resolver isso”, explicou.
O governo publicou, recentemente, um decreto que determina as diretrizes para renovar as concessões de distribuição entre 2025 e 2031, englobando a ppp da Enel, que se termina em 2028. Não existem iniciativas para o enterramento de fiações nos novos contratos a serem firmados.
Santana reflete que as redes subterrâneas de energia normalmente demandam um tempo maior de manutenção, porém levando em consideração que a segurança aumenta com o enterramento, a necessidade de correção é menos constante.
“Um furacão desse no Brasil derrubaria toda a infraestrutura, não só de distribuição, mas também das torres de transmissão”, afirmou o ex-diretor da Aneel.
De acordo com o Segundo Serviços de Telecom Competitivas (TelComp), São Paulo possui em torno de 20 mil km de fios aéreos, e apenas 0,3% da rede da capital é 100% subterrânea. Na área de concessão da Enel, 2,1 milhão de pessoas estão sem energia.