O Brasil deverá se juntar a outros países na regulamentação de plataformas de redes sociais, de acordo com Débora Salles, coordenadora geral de pesquisa do Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
“O Brasil é um país enorme, um mercado muito relevante, mas do ponto de vista institucional, não tem tanta força. Então a gente se unir com outros países da América Latina, por exemplo, pode ser um caminho, porque enquanto bloco a gente ganha mais força. E as plataformas agem em blocos quando precisam. Na tramitação do PL 2630, existia uma campanha em que todas elas se envolveram, para garantir que o PL não fosse para frente. Então acho que a gente precisa fazer alianças, talvez transnacionais”, afirmou.
Durante uma entrevista para a Agência Brasil, a pesquisadora analisou os impactos da decisão da empresa Meta, que pertence ao criador do Facebook Mark Zuckerberg, em reduzir a moderação de mensagens com tom ofensivo ou com conteúdo falso de suas plataformas.
Mark Zuckerbeg precisa justificar sua decisão para a AGU
De acordo com Sales, as falas de Zuckerberg demonstra que as plataformas irão decidir quais tipos de conteúdo poderão ser produzidos e divulgados pelos usuários. No entanto, tais decisões não irão prezar transparência. “A gente pode se preparar, eu acho, para um cenário de menor transparência, o que, em alguma medida, a gente tinha expectativa que fosse melhorando. A Meta deixou claro que isso não deve acontecer, pelo menos não no futuro próximo”, afirmou.
Desde o comunicado da Meta para retirar o sistema de verificação de fatos, a AGU (Advocacia Geral da União) deu um prazo de 72 horas, que finalizou na última segunda-feira, 13 de janeiro, para que a empresa e Zuckerberg justifique a nova política de moderação de conteúdo. “A enorme preocupação do governo brasileiro com a política adotada pela empresa Meta, que parece com a biruta de aeroporto, o tempo todo muda de posição ao sabor dos ventos. Quero dizer para essa empresa que a sociedade brasileira não ficará à mercê desse tipo de política”, afirmou o advogado-geral da União.