De 2024 a 2030, o investimento anual em geração de energia renovável precisa alcançar 1,5 trilhão de dólares para reduzir o aumento da temperatura mundial dentro da meta determinada no Acordo de Paris. A projeção da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) aponta uma enorme dificuldade pela frente.
Ano passado, esse investimento foi recorde, porém parou em 570 bilhões de dólares, pouco mais de um terço do valor necessário. Se levar em consideração toda a cadeia de tecnologias de transição, como a produção, armazenamento, eficiência energética, transporte eletrificado, hidrogênio e captura e armazenamento de carbono, os investimentos atuais de 1,8 trilhão de dólares deveriam ser triplicados.
A transição para energias limpas também reflete nas preferências do capital. Em torno de 70% do investimento no setor vai para China, Índia e países mais desenvolvidos. As economias emergentes e em desenvolvimento estão ficando para trás. A Irena apontou que os investimentos reduziram 47% no continente africano de 2022 a 2023 e a África subsaariana recebeu quarenta vezes menos investimentos per capita em relação à média mundial.
Brasil na contramão das reduções nos investimentos
Entre os emergentes, pelo menos o Brasil está indo na contramão dessa tendência e direcionou 35 bilhões de dólares para a transição em 2023, se estabelecendo em quinto lugar no ranking mundial de investimentos elaborado pela agência BloombergNEF.
Mesmo que o setor privado financie 75% dos projetos de energia renovável no planeta, há potencial para mais. A agência Irena enfatiza que os saldos globais em aplicações de renda fixa já são 130 trilhões de dólares e uma parte muito pequena poderia ser revertida para o setor.
Apesar de limitado, o dinheiro público também será importante para países em desenvolvimento, onde somente 14% dos investimentos na transição são financiados pelo capital privado, de acordo com o relatório da Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP). Além de contribuírem com um terço do dinheiro preciso para o combate do aquecimento do planeta, as instituições públicas devem melhorar a eficiência de seus investimentos em infraestrutura, outra dificuldade frente a carência de recursos.