A Enel, que está sofrendo pressão desde o recente apagão que atingiu milhares de consumidores em São Paulo, pediu a revisão dos subsídios dados à geração de energia solar. De acordo com o presidente da companhia, Guilherme Lencastre, esses incentivos não são mais necessários e tem um impacto direto nas contas de luz, principalmente para quem não tem condições de instalar painéis fotovoltaico. Ele sugere que parte desse subsídio seja redirecionada para elevar a resiliência das redes elétricas evitando futuros problemas.
A sugestão de Lencastre foi aceita pela Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee). O presidente da Abradee, Marcos Madureira, também fez críticas ao subsídio dado à geração distribuída, dizendo que esse custo acaba sendo pago por clientes que não utilizam a energia solar. Para Madureira, é importante que o uso do sistema elétrico seja pago por todos, e que o incentivo deve ser aplicado apenas quando for necessário.
Setor de energia solar rebate as críticas
Em contrapartida, o setor de energia solar não gostou das críticas. O presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, disse que as declarações da Enel são “infundadas” e uma tentativa de desviar a atenção do blecaute. Sauaia relembra que as distribuidoras concordaram com a atual legislação e que os benefícios da energia solar são claros, como a redução do uso de termelétricas e a economia de água nos reservatórios.
A Absolar também rebateu as críticas sobre prejuízos para os consumidores. Um levantamento encomendado pela associação prevê uma economia de R$ 84,9 bilhões nas contas de luz até 2031, por causa da geração distribuída. Sauaia disse que a energia solar contribui para reduzir os custos com eletricidade e acusa as distribuidoras de tentar inibir a concorrência.
O subsídio, é direcionado a geração distribuída de energia solar e permite a compensação de 100% das tarifas sobre o consumo até 2045. De acordo com a Aneel, esses incentivos somam R$ 8,5 bilhões em 2024, representando em torno de 12,62% da tarifa média paga pelos consumidores residenciais.
Para o presidente da Absolar, os argumentos sobre os subsídios são incompletos, porque não leva em consideração os benefícios econômicos e ambientais gerado pela energia solar. Ele também afirma que a energia solar é uma das fontes mais recentes a receber esses incentivos, enquanto outras tecnologias, como hidrelétricas, foram historicamente mais beneficiadas.