As maiores estatais de petróleo do mundo, pressionadas a colaborar com a descarbonização do planeta para o combate das mudanças climáticas, escolheram o Brasil como um dos principais destinos de seus investimentos em medidas para a transição energética.
Os aportes dessas empresas em estudos de fontes renováveis de energia no país aumentaram quase 1.600% nos últimos quatro anos. Saíram de R$ 37,5 milhões (1,5% do total aplicado por elas em inovação no país em 2020) para R$ 635,7 milhões (16,3% do geral em 2023).
Em algumas dessas petroleiras, o volume investido em inovações verdes já superou o das pesquisas em exploração e produção de petróleo e gás com projetos em áreas como hidrogênio, energia eólica e solar, além de biocombustíveis e técnicas de captura de carbono.
Projetos de transição energética
O avanço reflete uma alteração na regulação do setor feita há dois anos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), permitindo contabilizar projetos de transição energética como parte da obrigação das empresas do setor que atuam no Brasil de direcionar 1% de sua receita para pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) no país.
A mudança expandiu a vocação natural do Brasil como destino do crescente orçamento verde das empresas, atraindo mais recursos de multinacionais para o desenvolvimento de novas tecnologias aqui em vez de em outras partes do mundo.
De acordo com os dados da ANP, o volume total de estudos no setor, incluindo óleo e gás, também aumentou. Os aportes em PD&I aumentaram de R$ 1,5 bilhão para R$ 3,9 bilhões entre 2020 e 2023. Nos primeiros seis meses deste ano alcançaram R$ 2,02 bilhões, mais que os R$ 1,75 bilhão do mesmo período de 2023.
Os recursos aplicados em PD&I são destinados somente para o desenvolvimento de novas soluções tecnológicas ou pesquisas de viabilidade de projetos, incluindo a criação de novos laboratórios e centros de pesquisa. Em geral, são iniciativas em etapa inicial, ainda sem escala econômica. Em outras rubricas de seus planos de investimentos, essas companhias já investiram pesado em empreendimentos de energia renovável no Brasil, dos biocombustíveis aos aerogeradores.