A Petrobras, maior empresa brasileira em valor de mercado (R$ 540 bilhões), decidiu que não se pode classificar de precipitada e sim de realista. “Estamos voltando ao etanol, onde está o DNA importante para nós”, disse Magda Chambriard, a presidente da empresa.
A decisão faz parte do plano de negócios 2025-2029 junto com um adiamento de investimento em parques eólicos para geração de eletricidade em alto mar que precisa de regulamentação governamental e pelos altos custos. De maneira discreta, a estatal afirma que retirou das suas prioridades uma alternativa que parece muito cara para o cenário de médio prazo de automóveis elétricos.
Mauricio Tolmasquim, o diretor executivo de Transição Energética e Sustentabilidade da companhia, enfatizou ainda mais ao afirmar à Forbes que a gasolina vai perder mercado para o etanol ao longo dos anos. “A Petrobras é grande, a nossa ambição é grande. Estamos partindo para sermos realmente um dos líderes na questão do etanol”, disse.
Petrobras vendeu participações de etanol
Realmente a companhia petrolífera se equivocou anos atrás ao comercializar participações em usinas de etanol. O combustível a partir de cana-de-açúcar ou milho, junto com os tipos anidro e hidratado, corresponde por quase metade de todo o volume que hoje em dia é consumido no Brasil por carros leves (automóveis e picapes).
Para isso a tecnologia de motores flex, introduzida pela VW em 2003 no Gol, foi essencial para dar flexibilidade ao motorista na hora de abastecer e gerir a diferença de custo frente à gasolina na procura por menor preço para rodar. A Bosch, parceira da montadora e maior empresa de autopeças do mundo, que completa 70 anos no Brasil, teve papel fundamental no desenvolvimento contínuo.
Para o diretor de Produtos da divisão Power Solutions da empresa na América Latina, Fábio Ferreira “o uso de etanol já evitou que mais de 800 milhões de toneladas de CO2 fossem lançadas na atmosfera do planeta, de acordo com a Unica (entidade do setor). Para efeito semelhante na natureza seria necessário cultivar cerca de 5 bilhões de árvores pelos próximos 20 anos. No segmento automobilístico, graças ao Flex Fuel, um dos principais destaques da companhia, nosso continente se tornou referência global em biocombustíveis”, disse.