Serão necessários em torno de R$ 25 milhões para concluir a obra da terceira usina nuclear brasileiro, Angra 3.O projeto foi iniciado na década de 1980 e teve suas obras paralisadas e reiniciadas algumas vezes ao longo dos últimos anos.
O objetivo do projeto é que “esse financiamento inclua os atuais credores, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Caixa Econômica Federal, porém inclua também alternativas novas de captação, como debêntures incentivadas”, comentou uma das fontes.
“Os estudos apontam que uma parte dos recursos deve ser captada com risco do Tesouro Nacional, via ENBPar (estatal que controla as usinas nucleares e Itaipu), e o remanescente, via Eletrobras”, continuou (em condição de sigilo).
Eletrobrás
No processo de privatização a Eletrobras deixou de controlar as usinas nucleares, no entanto, ainda mantém compromissos relacionados a elas. A companhia negocia com a União para sair desses ativos no âmbito da conciliação sobre poder de voto do governo na Eletrobras.
A retomada da obra deverá ser discutida em setembro pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
De acordo com o presidente da Eletronuclear, que é controlada atualmente pela ENBPar, Raul Lycurgo, um banco de fomento francês BPI também poderá fazer parte do “funding” de Angra 3.
“O BNDES da França já disse que tem disponível recursos… e tem outros bancos dispostos. Caixa e BNDES já financiaram, o que a gente pode fazer também é pré-pagar esse investimento… Ao pagar antes, podemos refinanciar a juros e condições melhores”, afirmou Raul.
Planejada com 1,4 gigawatt (GW) de potência, Angra 3 tem cerca de 67% das obras civis já realizadas. As análises de modelagem para conclusão do empreendimento estão sendo conduzidos pelo BNDES e deverão ser entregues até a semana que vem.
Algumas estimativas anteriores apontavam que a obra da terceira usina iria consumir pelo menos mais R$ 20 bilhões, porém esses cálculos foram atualizados por conta do aumento de preços de itens que são dolarizados ou cotados em euro.
Foi lembrado pelo presidente da Eletronuclear que ainda o preço do urânio, insumo para o reator nuclear, também teve um aumento considerável, encarecendo o custo da conclusão da obra.
“Alguns equipamentos com a Covid, com subida de dólar e euro, isso afeta preços. Fora isso, a gente não tinha comprado toda a primeira recarga do combustível nuclear, e o preço do urânio subiu nos últimos anos uns 100%”, declarou.
Ele também destacou que, mesmo sendo feitos vários cálculos e exercício para amortecer o valor da tarifa, o consumidor irá pagar pela energia da usina de Angra 3, calculada entre 650 e 660 reais por megawatt-hora (MWh).
Os equipamentos e combustíveis comprados no passado a terceira usina, acabaram sendo usados por Angra 2 e serão abatidos em valores que chegam aproximadamente a 1,4 bilhão de reais. O que também pode ajudar a melhorar a tarifa da usina é a aprovação de projetos com incentivos tributários ao setor.