Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, na quarta-feira, 2 de outubro, declarou que o governo vai decidir sobre a continuação da usina nuclear de Angra 3 ainda em 2024. Em uma entrevista com jornalistas, afirmou que o tema faz parte da pauta da reunião do CNPE (Conselho Nacional de política Energética) marcada para 4 de dezembro.
Silveira disse que o governo ainda está aguardando a reavaliação do estudo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que informou mês passado um prejuízo de R$ 21 bilhões se a União abandonar o projeto e um custo de R$ 23 bilhões se a construção da usina avançar.
“A gente esperou os estudos do BNDES ficarem prontos, analisar toda a situação da cadeia, e a partir de uma visão estratégica do governo vamos propor isso ao CNPE. Ainda neste ano, para decisão. O BNDES ainda está fazendo umas adequações e reflexões sobre os números do estudo que foi entregue”, declarou. “[O governo] vai considerar o que já se investiu lá, quanto custa para enterrar esse investimento, quanto custa para deixar de promover essa cadeia e quanto podemos ganhar com ela. Esse ano ainda teremos que submeter isso ao CNPE.”
Não se importa com valores
A vontade do ministro é de que usina seja finalizada. Em agosto, Silveira declarou na Câmara dos Deputados que levaria um plano para a conclusão da obra para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que não importava mais falar de valores. A declaração foi feita antes da conclusão da análise do BNDES.
“Não tem que se discutir o custo-beneficio de Angra 3. Vou levar ao CNPE a continuidade das obras de Angra 3. Não vamos carregar esse mausoléu para servir de visitação, enxergando aquilo como um fracasso de gestão do governo brasileiro”, disse Silveira, antes do estudo do banco estatal.
Apesar de não ter dito novamente se levará a conclusão da usina adiante sem se importar com o custo, Silveira disse que seria um desperdício o país não finalizar o projeto. O ministro comparou as reservas de urânio no Brasil a um “pré-sal” e que é preciso continuar com essa cadeia de alto valor agregado.
“O Brasil abandonou a cadeia nuclear. E é um grande potencial que nós temos. O Brasil detém toda a cadeia nuclear. Temos urânio em abundância. Urânio associado com carvão, com diamante, com fosfato. Temos urânio puro em Caetité. Temos mais do que um pré-sal de urânio no Brasil, de ainda mais valor”, concluiu.