O custo da energia solar e eólica estão reduzindo em um nível nunca visto, porém, mesmo considerando essa queda, na verdade, desafia a estabilidade das redes elétricas e pressiona fornecedores de energia. A redução acelerada nos preços, em alguns casos chegando a valores negativos, está gerando um cenário de volatilidade que não foi previsto.
Na Europa, expansão vertiginosa das energias renováveis resultou em um excesso de oferta, fazendo os preços da eletricidade caírem para números negativos em diversas ocasiões. Nos primeiros oito meses de 2024, os preços negativaram por impressionantes 7.841 horas, alcançando -$22 por megawatt-hora, de acordo com a consultoria ICIS. O setor solar, com sua natureza instável, é o responsável por essa oscilação.
A inconstância nos preços não é apenas um problema econômico, mas também técnico. A rede elétrica precisa lidar com a oferta intermitente de energia solar e eólica, que depende das condições climáticas. Em dias de alta produção, a rede fica saturada com energia barata, por outro lado, em períodos de baixa produção, a dependência de fontes mais estáveis, como o gás natural, cresce.
Para encarar esses desafios, é importante o investimento em soluções de armazenamento de energia, como baterias de grande escala, e em redes inteligentes. A Agência Internacional de Energia (IEA) ressalta que o armazenamento de energia foi a tecnologia que mais cresceu ano passado, com um aumento global de 42 GW. Contudo, esse crescimento ainda não acompanha a expansão das energias renováveis.
Os fornecedores de energia estão com dificuldades. A incerteza dos preços vem levando a pausa em alguns projetos de energia renovável. Muitos produtores na Europa foram forçados a diminuir sua produção ou até pagar para descarregar eletricidade em função da saturação da rede. Isso desestimula novos investimentos em parques eólicos e solares.
Para reduzir os efeitos dos preços negativos, os produtores devem adotar soluções proativas, como o investimento em armazenamento de energia e parceria com concessionárias para incentivar contratos de energia variáveis.