Os cortes de geração renovável (chamados de curtailment) ainda estavam em alta no terceiro trimestre, apesar da mudança de metodologia implementada pelo ONS (Operador Nacional do Sistema) a partir da segunda quinzena de setembro. Essa informação foi divulgada no “Curtailment Digest”, novo relatório do Itaú BBA, que acompanha as restrições de energia.
De acordo com o ONS, a mudança no procedimento teve como propósito o aumento da confiabilidade do SIN (Sistema Interligado Nacional), evitando que as restrições se concentrem em grupos geradores ou regiões específicas. Inicialmente, essa nova metodologia foi aplicada somente no Rio Grande do Norte e no Ceará.
O Itaú BBA concluiu que o ONS atingiu o propósito estimado. “[…] As mudanças do ONS em seus procedimentos de redução distribuíram os efeitos da restrição por uma área maior, atenuando os impactos em alguns projetos que antes eram fortemente afetados, como Echoenergia (Equatorial) e AES Brasil.”
Mesmo assim, os geradores de energia renovável do Nordeste ainda estão sofrendo com os cortes no terceiro trimestre, principalmente no Ceará e no Rio Grande do Norte, em relação ao segundo trimestre de 2024. “Os impactos totais das restrições corresponderam a aproximadamente 14% de toda a geração de energia renovável no terceiro trimestre”, como destacado por analistas do Itaú.
O levantamento comparou os períodos de duas semanas antes e depois da alteração da metodologia (de 3 a 16 de setembro e de 17 a 30 de setembro). Os cortes na geração eólica estavam em 15,1% antes da mudança e aumentaram para 15,6% depois da mudança. Na geração solar, o impacto saiu de 19,2% para 19,7% no mesmo período.
“Embora a nova metodologia tenha ampliado o escopo de geradores afetados, como pretendido pelo ONS, ela não reduziu o nível geral de restrições. Nos 14 dias após a mudança, o volume de energia reduzida foi ligeiramente maior: 6.507 GWh, correspondendo a 16,4% da geração total, contra 6.391 GWh, ou 15,9% da geração total, nos 14 dias anteriores”, disseram os analistas.