O Brasil está perto de enfrentar um declínio na produção de petróleo nas próximas décadas. Especialistas e órgãos do setor energético alertam para a necessidade de medidas imediatas para impedir que o país volte a ser um importador da commodity, mesmo que atualmente já esteja em uma posição de destaque entre os maiores produtores mundiais. Se isso ocorrer, é esperado o aumento do preço da gasolina.
O diretor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Rodolfo Saboia, enfatizou, na Offshore Week 2023, a importância estratégica de explorar novas fronteiras. De acordo com ele, sem novos investimentos, a produção offshore do Brasil irá enfrentar uma queda irreversível.
“É muito importante que tenhamos um olhar voltado para a importância do caráter estratégico da abertura de novas fronteiras exploratórias. Precisamos ter em mente que não é possível imaginar, hoje, as renováveis suprindo tudo o que vem dos combustíveis fósseis. Se nada fizermos, chegará o dia em que seremos importadores de petróleo, e não exportadores”, disse Saboia.
Alertas confirmados pelo EPE
De acordo com dados recentes da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia, confirmam os alertas.
O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2024, indica que o pico de produção de petróleo no Brasil vai ser alcançado em 2030, com 5,3 milhões de barris diários. No entanto, a partir daí, um declínio rápido é esperado, com a produção reduzindo em quase 1 milhão de barris por dia somente quatro anos depois.
As estimativas do PDE 2034 são ainda mais pessimistas do que as apontadas no plano anterior, o PDE 2032.
A projeção anterior estimava um pico em 2029, com 5,4 milhões de barris diários, e uma redução mais gradual nos anos seguintes. Esse declínio reflete de maneira direta, a queda nas atividades exploratórias e na descoberta de novas jazidas, um problema que já está se agravando nos últimos anos.
Segundo a EPE, os volumes estimados na PDE 2034 são, em média, 1% menores que aos estimados no PDE 2032. Essa diferença pequena reforça a crescente dificuldade do setor em manter a produção frente aos desafios econômicos e ambientais.