Se o Brasil, em toda sua extensão, tornou-se um dos maiores produtores de energia eólica no mundo, a Espanha não precisou de muito para atingir o que está sendo chamado de superprodução de eletricidade. O país europeu vive um dilema acerca do que fazer nos próximos anos para lidar com o excesso de oferta energética.
Desde 2008, a Espanha duplicou sua produção eólica, transformando-a em sua maior fonte de energia renovável, à medida que a energia solar também ganhou um grande aumento em oito vezes sua capacidade na época. Tal crescimento fez o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, descrever o país como “uma força motriz da transição energética em escala global”.
De acordo com as metas estabelecidas por Sánchez, 81% das operações energéticas da Espanha serão abastecidas por fontes renováveis até 2030. Nos últimos anos, o consumo de eletricidade tem diminuído no país.
Espanha busca realocar sua superprodução de eletricidade
Superprodução de eletricidade não parece ser um problema – e não é -, mas conta com diversas consequências. Torre Rodríguez, chefe de desenvolvimento de sistemas da Red Eléctrica (REE), a empresa que opera a rede nacional de Espanha, elabora acerca do assunto.
Um dos exemplos citados por Rodrígues é que a produção de energia solar durante o dia é forte, desequilibrando a relação entre oferta e procura e impactando nos preços de energia. “Como o sistema energético tem sempre de ter um equilíbrio – a procura tem de ser igual à geração –, isso significa que houve excesso de produção durante essas horas”, disse ele.
A queda do preço de energia – além de maior eficiência energética que resulta em menor consumo – faz com que menos investidores sejam atraídos à indústria energética da Espanha. Dessa forma, há dois caminhos sendo estudados para o futuro do país: acelerar o processo de eletrificação, diminuindo dependência de combustíveis fósseis; ou armazenar energia.