A realidade das emissões de gases de efeito estufa é particular no Brasil, e Carlos Nobre, um dos climatologistas mais renomados do mundo, conversou sobre o tema.
Carlos Nobre iniciou à programação do evento Brasil do Futuro – Transição Energética, promovido pelo UOL em São Paulo na quinta-feira, dia 29 de agosto. Com apresentação da âncora do UOL News, Fabíola Cidral, a programação teve debates sobre as várias fontes de energia limpa que poderão transformar o Brasil em referência mundial, financiamento da transição e o quão urgente é essa mudança precisa acontecer.
“Em 15 anos, temos condições de gerar toda a energia que precisamos com fontes renováveis”, afirmou Carlos quando enfatizou a necessidade de ações imediatas em prol de usinas solares, energia eólica e hidrogênio verde.
O relatório mais recente da Organização Meteorológica Mundial (OMM) confirmou que ano passado foi o ano mais quente da história registrada, com temperaturas acima da média no oceano Antártico, um fenômeno que também causa impacto no Brasil.
Nesta conjuntura, parte da solução está nas intituladas cidades-esponja, que propõem a restauração da vegetação para aumentar a retenção de água, diminuir as temperaturas e criar microclimas favoráveis por meio das árvores.
Para Carlos, outro sinal positivo para o futuro nacional é a decisão do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de investir R$ 4,5 bilhões em projetos de renovação da frota de ônibus em municípios brasileiros, com limites rigorosos de emissões de poluentes. A iniciativa tem o objetivo de renovar a frota de transporte público em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.
“O governo tem várias iniciativas positivas, como a redução do desmatamento até junho em diversos biomas brasileiros. Vamos chegar na COP30 com reduções significativas na Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica”, falou Carlos Nobre.
Porém, ele também alertou para o crescimento de incêndios florestais. O climatologista explicou que as recentes queimadas não têm causas naturais, citando os incêndios criminosos em áreas de cana-de-açúcar em São Paulo como exemplo.
“É preciso convencer o setor do agronegócio brasileiro a fazer conversão para agricultura e pecuária regenerativas, pois são atividades mais lucrativas e resilientes aos eventos extremos, os quais causam a queda da produtividade. Todo setor tem financiamento para isso, mas a transição está sendo lenta, e não é lentidão governamental”, destacou Carlos Nobre.
Em relação a transição energética, ele disse que o avanço está acontecendo de forma rápida, mas há o que melhorar. “Não é só não explorar um novo poço de petróleo ou mina de carvão, mas parar de explorar as que já estão aberta”, alertou.