Fontes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) relataram ao portal CNN que consideram improvável que a Enel perca a concessão de operação na cidade de São Paulo nos curto e médio prazos. Alguns fatores foram colocados como obstáculos.
Um deles é a demora que levaria para um outro processo de licitação. O tempo previsto pela agência é de cerca de três anos até que uma nova empresa vencedora para operar na área fosse anunciada.
Até lá não é possível transferir a operação para uma nova empresa da noite para o dia. Isso demanda um processo de transição que obrigatoriamente precisaria contar com o suporte da Enel.
O valor de uma indenização para a empresa italiana também é outro motivo indicado como um obstáculo para a decretação da caducidade. Uma fonte na Aneel disse à CNN que estima o valor de uma indenização a ser paga a Enel em cerca de R$ 10 bilhões.
O alto valor iria restringir uma licitação com diversas competidoras, na visão dessa fonte. Ela citou que apenas duas empresas são vistas com potencial para bancar esse valor para entrar na operação em São Paulo: a japonesa CPFL e a portuguesa EDP.
Motivação de acordo com a Aneel
Na Aneel, a análise é de que o movimento do governo federal contra a Enel e a Aneel tem vários motivos.
Um deles é a eleição municipal. As pesquisas indicam que o candidato de Lula, Guilherme Boulos (PSOL), vai ter dificuldades para superar no dia 27 de outubro o prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB).
Ele é um dos alvos dos ataques dos ministros de Lula. Outro motivo apontando pela Aneel como motivador do movimento do governo é o interesse do Planalto e do PT de interferir em setores regulados como o de energia elétrica, na qual a gerência é feita por uma agência reguladora independente.
Integrantes da Aneel descobriram que o Ministério de Minas e Energia se incomoda mais com as renovações bilionárias de concessões de distribuição de energia elétrica que ainda não saíram do papel do que com o apagão de São Paulo em si.