Duas pesquisas diferentes divulgadas por organizações ligadas à ONU na última segunda-feira, 28 de outubro, indicaram que todos os países do mundo precisam se esforçar mais do que o previsto para que consigam conter as tragédias ambientais provocadas pelas mudanças climáticas.
O primeiro estudo da Organização Meteorológica Mundial (OMM), aponta que concentração dos gases de efeito estuda na atmosfera atingiu todos os recordes históricos no ano passado.
Esses gases, especialmente o CO2 (dióxido de carbono), são os maiores responsáveis pelas mudanças climáticas. Conter as emissões é fundamental para evitar o aquecimento global, porém os dados indicam que o mundo está perdendo essa briga.
De acordo com a OMM, a concentração dos gases está acontecendo “mais rápido do que em qualquer outro momento da existência humana” e cresceram em 11,4% em apenas 20 anos.
A OMM afirmou que o aumento nas concentrações de CO2 em 2023 pode ter sido devido aos incêndios florestais, como as ocorrências em biomas brasileiros como a Amazônia e o cerrado.
Concentração de gases de efeito estufa
Atualmente, as concentrações de CO2 são 51% maiores do que os níveis pré-industriais, enquanto o metano, outro potente gás de efeito estufa, são 165% maior do que em 1750, disse a OMM.
O segundo relatório, do órgão da ONU responsável por coordenar as políticas mundiais de combate às mudanças climáticas (UNFCCC), também alerta para uma tragédia ambiental iminente.
A entidade fez uma análise conjunta das metas anunciadas individualmente pelos países para o combate nas mudanças climáticas, as chamadas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas, na sigla em inglês).
O resultado indica o fracasso mundial na tentativa de evitar o aquecimento global.
As atuais NDCs combinadas levariam a uma diminuição de apenas 2,6% na emissão de gases de efeito estufa até 2030 em relação ao que foi emitido em 2019.
Isso fica muito atrás da redução de 43% até 2030 que seria necessária para evitar os piores impactos das mudanças climáticas.
Aponta que, com as atuais metas, vai ser impossível alcançar o propósito de emissões líquidas zero até 2050, como foi recomendado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
“As descobertas do relatório são duras, mas não surpreendentes”, disse Simon Stiell, o secretário executivo da ONU sobre Mudanças Climáticas.
“Os atuais planos climáticos nacionais estão muito aquém do que é necessário para impedir que o aquecimento global prejudique todas as economias e destrua bilhões de vidas e meios de subsistência em todos os países,” afirmou.
As nações precisam desenvolver e apresentar novos planos até metade do ano que vem.