A China, como parte da sua estratégia que está transformando o mercado global de veículos elétricos (VEs), vem investindo pesadamente em fábricas de montagem de VEs, plantas de baterias e tecnologias de transição em todo o mundo. Este esforço tem o propósito de contornar as tarifas ocidentais, que, ao em vez de protegerem as indústrias locais, podem estar se mostrando como um erro estatrégico.
As tarifas impostas pelo Ocidente, principalmente pela União Europeia e pelos Estados Unidos, foram criadas para proteger as indústrias locais da concorrência estrangeira. Contudo, a China encontrou uma forma de contornar essas tarifas: a construção de fábricas de VEs e plantas de baterias no exterior. Este movimento não só evita tarifas, como também deixa a presença chinesa muito mais forte no mercado global de VEs.
Essas empresas do país asiático não só aumentam sua capacidade de fabricação no exterior, como também exportam tecnologia, engenharia, cadeia de suprimentos e expertise em financiamento mundialmente. Isso faz com que as empresas europeias e americanas fiquem em uma posição difícil, uma vez que lutam para competir com os VEs chineses, que são muito mais baratos e superiores em qualidade.
Na Europa, países como Hungria e Polônia se beneficiam do que está sendo descrito como um “tsunami” de investimentos chineses em tecnologias de transição. Por exemplo, a Hungria, possui duas plantas de baterias sul-coreanas e foi escolhida pela montadora chinesa, BYD, para ser o local de sua primeira fábrica europeia. Em contrapartida, na América do Norte, a pressão política dos EUA sobre o México para desencorajar investimentos chineses em VEs não impediu a BYD projetar uma fábrica no país.
Os investimentos da China no exterior cresceram em 12,5% nos primeiros oito meses e 2024, totalizando em torno de US$ 112,2 bilhões. A maior parte desse capital está sendo destinado para tecnologias de transição. Com os preços dessas tecnologias caindo na nação chinesa, o país vem exportando transição barata, enquanto empresas na Europa e América do Norte tentam reduzir seus custos.