Ano passado os brasileiros reportaram mais de 5 milhões de reclamações sobre as quedas de energia elétrica. E o tempo de resposta das concessionárias para essas emergências só ficou pior.
A pensionista, Nélia Mello está impossibilitada de assistir TV ou ligar o ventilador. A geladeira está vazia para que os alimentos não estragassem.
“Deixei na casa da minha neta”, diz ela.
Uma parcela da rua em que a dona Nélia mora, em Queimados, na Baixada Fluminense, está sem eletricidade há seis dias. Na última segunda-feira, 13 de janeiro, dona Nélia passou mal e não teve como chamar ajudar, porque o celular estava sem bateria.
“Acontece uma coisa dessa, você olha para um lado, olha para o outro… Meu Deus do céu, de novo isso, não.”
Na semana passada, um caminhão passou pela rua arrancando os cabos de energia que suprem a demanda das casas. Os moradores logo ligaram para a empresa responsável pelo fornecimento de energia elétrica. Porém, a distribuidora ainda não reparou o local.
Tempo de espera dos consumidores aumentou ao longo dos anos
A demora para reparar ou consertar em casos de emergência não é exclusiva da área. O tempo de resposta das concessionárias para o atendimento a emergências foi de mal a pior na última década em todo o Brasil, de acordo com dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Ano passado, os consumidores realizaram 5,7 milhões chamados relacionados a falta de energia elétrica. O tempo médio de resposta foi superior a oito horas. Em 2015, o atendimento chegava em média a seis horas.
O professor de engenharia da UFRJ, Renato Queiroz, afirma que a baixa de funcionários e a falta de fiscalização da adequada da Aneel foram fatores contribuintes para a piora no atendimento.
“Tem que ter cuidado também que tudo agora é mudança climática e nem tudo pode ser culpa da mudança climática. Pode ser, um pouco, falta de uma manutenção adequada”, ressalta.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou em um comunicado nota que a falta de atendimento adequado poderá criar diversas sanções às concessionárias, como a redução de pagamento de dividendos aos acionistas, restrição no reajuste tarifário e até o término da concessão. A Aneel não disse quantas multas foram aplicadas.