A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou que neste mês, setembro, a bandeira tarifária vermelha patamar 2 vai passar a valer. O comunicado de sexta-feira, 30, significa custos mais altos para a geração de energia elétrica, deixando a conta de luz mais cara para os consumidores, com consequente impacto na inflação nacional.
O aumento na energia elétrica afeta o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor-Amplo), que mede a inflação oficial do país. O peso da energia elétrica no índice é de quase 4%. Por isso analistas estão projetando o impacto no IPCA já em setembro e de uma inflação no limite do teto da meta no final de 2024, de 4,5%, conforme estabelecido pelo BC (Banco Central).
A estrategista de Inflação da Warren Investimentos, Andréa Angelo, explicou que a empresa já projetava que a inflação iria chegar a 4,45% no final de 2024, considerando a bandeira amarela. “A estimativa de impacto da bandeira vermelha no IPCA é de 0,43 pontos percentuais. Estamos considerando que a vermelha siga ao longo de setembro e outubro, para voltar a amarela em novembro e dezembro”.
Sobre as contas de luz residenciais
O cálculo da Warren na conta de luz das residências é de um aumento médio de 9,7% em setembro. Vale lembrar que com a bandeira vermelha, a tarifa aumenta R$ 7,877 a cada 100 quilowatt-hora (kWh) e o consumo médio em uma casa na zona urbana é cerca de 150 kWh a 200 kWh.
Para o economista do ASA, Leonardo Costa, o IPCA desse mês irá ficar em 0,76%, e em 4,4% no ano. O ASA estava esperando que a bandeira tarifária seguiria amarela no mês. “A seca pior do que o esperado pela sazonalidade justificou a elevação do preço da energia elétrica. Esperávamos bandeira amarela no mês, com impacto líquido de 35 pontos-base na nossa projeção, mas o impacto será de 46 pontos-base agora”.
Na projeção feita pelo economista, o aumento médio nas contas de luz residenciais deverá ser de 11,5%. Lembrando que os impostos incidentes sobre a conta de luz são calculados sobre o valor da conta, por isso, também incidirá sobre a tarifa extra. Os tributos da conta de energia (ICMS, Pis e Cofins), a tarifa de transmissão e a contribuição para a iluminação pública (Cosip ou Cip), dependendo do município, representam em torno da metade do total da fatura.