Após o fim da COP28, em dezembro e 2023, em Dubai, um grupo de 22 países emitiu uma nota conjunta se comprometendo a triplicar a participação da energia nuclear em sua matriz energética até 2050. Entre os assinantes, estavam antigas potências nucleares, como EUA e França, como também novas, Emirados Árabes Unidos e Gana.
A declaração marca uma dobra no discurso em torno da energia atômica. Na última década, marcada pelo desastre de Fukushima em 2011, trouxe o anúncio de que a Alemanha fecharia todas as suas centrais, uma promessa cumprida no ano passado. Em contrapartida, o atual cenário se caracteriza por projetos de construção de novas usinas e extensão da vida útil das existentes.
Celso Cunha, presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), declarou que a realidade se impôs. A mudança está cada vez mais perto e não é possível atingir as metas de descarbonização sem energia nuclear.
Não renovável, porém limpa!
Embora não seja renovável, pois há um consumo de isótopos de urânio, a Agência Internacional de Energia (AIE) posiciona a energia atômica entre as fontes limpas, já que a sua operação não emite carbono como os combustíveis fósseis. Além disso, a principal dificuldade para chegar a uma matriz energética plenamente renovável se baseando apenas em turbinas eólicas e painéis solares é a intermitência dessas fontes.
“Como garantir o fornecimento constante se as solares não geram à noite e as eólicas param quando não tem vento?” questionou Cunha.
Atualmente, a energia nuclear corresponde pouco menos de 10% da matriz mundial, equivalendo a cerca de 25% do que é produzido por fontes de baixa emissão. Existem 415 reatores em operação e 62 em construção.
Segundo a AIE, a capacidade instalada está atualmente em 413 gigawatts (GW), e opera em em 32 países, evitando 1,5 gigatonelada de emissões de carbono. Em seu levantamento “Energia 2024”, a agência estima que a geração atômica aumentará em média de 3% nos próximos anos, o que contribui para a previsão de que todo o aumento de oferta energética virá de fontes limpas.