O debate sobre os custos do término da obra da usina nuclear de Angra 3 depois de mais de 40 anos do começo da construção abriu espaço para divergências entre setores da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, porque a equipe econômica defende internamente que a infraestrutura seja abandonada, de acordo com duas fontes com conhecimento do tema.
O veredito sobre a finalização das obras permeia pelo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), que postergou a decisão em 2024 e se reuniu na última terça-feira, 18 de fevereiro, com o tema em pauta, porém o debate pode ser novamente adiado.
“Briga grande. A força para não fazer é que não tem dinheiro. Quem vai reduzir o Orçamento para permitir o aporte? De onde sai o dinheiro?” afirmou uma das fontes da equipe econômica, em um período em que o governo já está lutando para colocar no Orçamento da União alguns custos que não tinham sido considerados inicialmente para 2025.
Quanto custaria a conclusão da obra de Angra 3?
Uma pesquisa do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) projetou que o término que a usina necessitaria R$ 23 bilhões em investimentos, além dos R$ 12 bilhões já aplicados até o momento. Seriam precisos mais cinco anos de construção, além dos prazos de licitação, de acordo com a Eletronuclear, responsável pela usina.
Em contrapartida, segundo o BNDES, decidir pelo abandono da obra custaria R$ 21 bilhões, por causa de fatores como as despesas com rescisões de contratos, desmobilização de canteiro, devolução de benefícios fiscais e penalidades pelo cancelamento de financiamentos incentivados.
Uma segunda fonte da equipe econômica revelou que o Ministério da Fazenda traçou cenários diferentes com o custo do término podendo alcançando R$ 30 bilhões.
“Pode fazer sentido do ponto de vista da política energética, mas do ponto de vista da política econômica e financeira, a gente não consegue justificar”, afirmou.