Apesar do encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva e Javier Milei no G20 ter sido “frio”, o Brasil efetuou um acordo para expandir a importação de gás natural argentino. Esse acordo ainda precisa passar por outras fases antes de sair do papel.
Para o Brasil, o gás argentino é colocado como uma alternativa ao gás boliviano, do qual a oferta vem caindo, o que prejudica setores industriais como cerâmica, vidro, siderurgia e papel e celulose. O novo gás poderia diminuir o custo atual de US$ 7 a US$ 8 por milhão de BTU, unidade utilizada para medir o consumo energético.
O gás vai ser extraído da reserva argentina de Vaca Muerta, uma área de preservação ambiental e que abriga comunidades indígenas. O gás é extraído através de fraturamento hidráulico, uma técnica que de acordo com os ambientalistas, é bem agressiva para o meio ambiente.
Formalização do acordo entre Argentina e Brasil
Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, e o ministro da Economia da Argentina, Luís Caputo, foram os responsáveis pela efetivação do acordo, que projeta a criação de um grupo de trabalho binacional. Esse grupo técnico irá analisar as opções de infraestrutura para que o gás chegue ao Brasil.
Entre as soluções avaliadas está a inversão do fluxo do gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol) e outras rotas menos prováveis, incluindo a construção de novos gasodutos conectando de maneira direta a Argentina ao Brasil via Uruguaiana (RS) ou passando por Paraguai e Uruguai, de acordo com o jornal Estado de S. Paulo.
Em discurso no decorrer da cúpula, Alexandre Silveira destacou a relevância dessa cooperação: “Estamos explorando as melhores rotas para trazer gás natural ao Brasil, fortalecendo nossa segurança energética e consolidando uma parceria estratégica com a Argentina.” Ele ainda usou suas redes sociais para reafirmar que a importação do gás vai poder acontecer por cinco rotas diferentes.
Para Silveira, a exploração e importação de gás de Vaca Muerta, utilizando o método de fraturamento hidráulico, é uma alternativa estratégica. “A questão da produção de petróleo e gás não é uma questão de oferta, mas de demanda. Enquanto houver demanda de petróleo, alguém vai ter que fornecer. Já importamos gás de fracking dos Estados Unidos, e agora vamos importar da Argentina”, declarou o ministro.