A conta de luz dos brasileiros ficará mais cara a partir deste mês de junho com a adoção da bandeira vermelha patamar 1. A medida foi anunciada devido à redução significativa no volume de água nos principais reservatórios do país, especialmente na região Sul. Com menos água disponível, a geração de energia pelas hidrelétricas diminui e o sistema elétrico nacional passa a depender mais das usinas termelétricas — uma alternativa mais cara e poluente.
Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), todos os subsistemas estão enfrentando um cenário de escassez hídrica. A Energia Natural Afluente (ENA) — indicador que mede a quantidade de água que chega naturalmente aos reservatórios — está abaixo da média histórica em todas as regiões do país.
No Sul, por exemplo, o volume consolidado nos reservatórios é de apenas 35,69%, com previsão de atingir 86% da média da ENA esperada para o mês. Nas demais regiões, a situação também é preocupante. O Sudeste e Centro-Oeste devem alcançar apenas 75% da média da ENA, o Norte 57% e o Nordeste apenas 29%, até o final de junho.
Esses dados indicam que o volume de água está aquém do esperado para esta época do ano, o que pressiona o sistema elétrico e reduz a previsibilidade tarifária. Além do impacto direto na conta de energia, a bandeira vermelha também gera preocupação em relação à inflação, que pode ser pressionada até o fim do ano, segundo analistas do setor.
O cenário atual aponta para uma dificuldade de reversão rápida da crise hídrica, o que pode agravar ainda mais os custos energéticos e afetar a economia de forma mais ampla. As condições climáticas globais ajudam a explicar o fenômeno. Desde abril, o país vive uma fase de neutralidade climática, ou seja, sem influência direta dos fenômenos El Niño ou La Niña.
No entanto, essa neutralidade não representa estabilidade: o clima tem se comportado de forma atípica, com menos chuvas e maior imprevisibilidade, o que dificulta a recuperação dos níveis dos reservatórios.
Especialistas alertam que a atual crise energética é um reflexo direto das mudanças climáticas. Para garantir segurança no fornecimento de energia em um cenário cada vez mais instável, será necessário investir em diversificação de fontes, como energia solar e eólica, além de políticas públicas que incorporem as novas realidades climáticas à gestão do setor elétrico.