De acordo com a projeção da consultoria Greener, o aumento dos impostos sobre placas solares resultará em um crescimento de 13% no preço dos sistemas residenciais de energia solar no Brasil. O cálculo leva em consideração o aumento da alíquota de importação de 9,6% para 25% e a decisão do governo da China de diminuir de 13% para 9% do benefício fiscal para exportação de painéis solares.
Usando um sistema de 4 kWp como parâmetro, a avaliação da Greener prevê um aumento médio de mais ou menos 26% nos valores dos módulos fotovoltaicos. Nesse cenário, a demora do retorno do investimento cresceria 6,71%, passando de 3 para 3,2 anos.
Se o frete de equipamentos provenientes da China continue em alta, correspondendo a 13,87% do preço FOB (sigla para Free On Board, modelo de frete em que o comprador assume todos os riscos e custos com o transporte da mercadoria), o impacto poderá ser ainda maior: crescimento de 43,42% no painel solar nacionalizado, 22% no kit fotovoltaico de 4 kWp e o payback subiria para 3,34 anos.
No início de novembro, o Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu aumentar o imposto de importação de painéis fotovoltaicos de 9,6% para 25%. De acordo com o determinado previamente, há uma cota US$ 1,01 bilhão para equipamentos solares isentos da tarifa entre os meses de julho de 2024 e junho de 2025.
No entanto, o volume de importações registrado no país durante o segundo semestre, aponta que essa cota vai ser superada rapidamente. Dados da consultoria InfoLink Consulting apontam que 53% desse total já foi preenchido até o final de setembro.
Para Tarcísio Neves, CEO da Evolua Energia, a medida vai na contramão dos interesses econômicos, ambientais e estratégicos do Brasil. “O argumento central do governo é pautado no fortalecimento da indústria local. No entanto, a indústria local atua apenas como uma montadora de peças importadas, sem criar empregos em uma escala capaz de compensar as perdas que podem vir com a implementação das medidas.”
“Afinal, o impacto não será somente à cadeia de produção, mas se estende à distribuição, instalação e manutenção, o que pode resultar em demissões em massa e no fechamento de empresas”, afirmou o executivo.
Segundo o balanço da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), a alta da tarifa arrisca pelo menos 281 empreendimentos, somando mais de 25 GW e mais de R$ 97 bilhões em investimentos até 2026.