Depois de meses em operação com vazões muito baixas no rio Madeira por causa da seca histórica deste ano, a hidrelétrica Santo Antônio obteve uma melhora de situação com retorno das chuvas do período úmido, que permitiram o aumento de geração de energia a 2.000 megawatts (MW), o que contribuiu para o sistema elétrico nacional, disse Caio Pompeu de Souza Brasil Neto, presidente da usina.
Em entrevista à Reuters, o executivo destacou que a hidrelétrica situada no Norte estava se preparando desde o início de 2024 para enfrentar um cenário hidrológico que prometia ser pior que o de 2023, quando a usina teve que interromper totalmente suas operações.
Com as “lições aprendidas” do ano passado, Santo Antônio criou uma “jusante artificial” e fez um rearranjo no sistema de transmissão local permitindo que a usina continuasse tanto operando em situação mais adversa, como também fornecendo energia a Acre e Rondônia, locais que foram priorizados devido à seca na região, disse Neto.
Santo Antônio e Jirau
Operando a fio d’água (ou seja, sem reservatório de acumulação), Santo Antônio faz parte, junto com Jirau, de um importante complexo hidrelétrico do rio Madeira, que soma aproximadamente 7.000 MW de capacidade instalada. Com 3.568 MW, Santo Antônio é uma das maiores Brasil e é controlada pela Eletrobras, que também possui participação em Jirau.
Das 50 turbinas do empreendimento, somente seis continuaram em funcionamento no pior momento da seca de 2024, entre setembro e outubro, quando as vazões do Madeira chegaram a bater a mínima de 1.987 m³/s – bem abaixo da marca de 3.100 m³/s que forçou a interrupção em 2023.
Essas seis máquinas produziram em torno de 400 MW médios, que foram direcionados ao Acre e Rondônia e responderam por cerca de 40% da carga desses Estados, disse Neto.
Ele afirmou que as duas grandes manobras realizadas pela usina, com acompanhamento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), permitiram que as operações continuassem nos últimos meses.