Santiago Penã, o presidente do Paraguai do Partido Colorado, direita, afirmou ser a favor de um meio-termo entre desenvolvimento de projetos e tarifas para Itaipu. De acordo com ele, a hidrelétrica binacional é um “sucesso da diplomacia, da engenharia e da integração de 2 povos”.
Com o pagamento da dívida da obra de Itaipu (cerca de R$ 11,4 bilhões ao ano), Brasil e Paraguai agora debatem a revisão do Anexo C da hidrelétrica, relacionado à gestão financeira do acordo. As declarações foram dadas em entrevista à Folha de S.Paulo.
“Existem duas grandes teorias ou visões. Uma visão é de que Itaipu já cumpriu seu objetivo, pagou a dívida e agora deve ser apenas um centro de custos. Outra em que fomenta desenvolvimento apenas através de outros projetos. Eu acredito no meio-termo”, disse.
O presidente paraguaio que está no Rio para eventos da Cúpula de Líderes do G20, enfatizou a importância de Itaipu no desenvolvimento sustentável, um dos tópicos do encontro.
“O melhor legado que podemos deixar é aumentar a produção de energia sustentável. Um dos temas do G20 é a transição energética, e brasileiros e paraguaios já fizeram isso 50 anos atrás”, afirmou.
Investimentos em eficiência energética
Peña afirmou que acredita que os próximos passos ainda envolvem somar investimentos na eficiência de energia da Itaipu com investimentos em produção de energia solar.
“Com geração solar, podemos utilizar energia durante o dia e elevar o nível do reservatório para ter sua ‘bateria’ para produzir energia. Podemos quase dobrar Itaipu se instalarmos painéis solares no reservatório”, disse.
De acordo com ele, “é preciso considerar o equilíbrio. Se você focar apenas no custo, como, por exemplo, limitar a US$ 10 [a tarifa] não terá capacidade de investir”.
O motivo dos investimentos em eficiência energética e sustentabilidade é devido a uma preocupação com o futuro da usina em função das mudanças climáticas e do crescimento na demanda energética por parte do Paraguai.
Segundo o presidente, a demanda energética do país aumenta de 8% a 10% por ano. “Precisamos lembrar que os eventos climáticos estão cada vez mais adversos, e as secas cada vez mais intensas. Precisamos investir para melhorar a eficiência de Itaipu”, declarou.