De acordo com o levantamento da MapBiomas, divulgado na última terça-feira, 12 de novembro, o Pantanal reportou uma queda de 61% em suas áreas alagadas em quase 40 anos (de 1985 a 2023).
O estudo reflete que a tendência de redução das áreas alagadas é acompanhada por períodos de seca mais demorados e cheias mais curtas, condições que contribuem para incêndios mais intensos e frequentes no bioma.
O estudo avaliou a extensão de áreas cobertas por água e campos durante 38 anos. Há dois anos, a área alagada do Pantanal era de 3,3 milhões de hectares, 38% mais seco que em 2018, quando aconteceu a última grande cheia do bioma, cobrindo 5,4 milhões de hectares.
No entanto, essa extensão, já era 22% mais seca que a de 1988, quando ocorreu a primeira grande cheia do período estudado, cobrindo 6,8 milhões de hectares. Ano passado, a redução de água foi de 3,5 milhões de hectares (61% em relação à média histórica).
De acordo com a pesquisa, as áreas alagadas por mais de 3 meses no ano também apontam tendência de redução. Isto é, as áreas que antes ficavam submersas por mais de 3 meses hoje estão secando de maneira mais rápida.
Hoje, 22% (421 mil hectares) da área de savana do bioma, que totaliza 2,3 milhões de hectares, são oriundas de locais que se tornaram secos. Essa alteração eleva a vulnerabilidade do Pantanal às queimadas.
Entre 1985 e 1990, os incêndios aconteciam especialmente em áreas em transição para pastagem. Depois de 2018, as queimadas se tornaram mais comuns em locais próximos ao Rio Paraguai. Entre 2019 e 2023, o fogo alcançou 5,8 milhões de hectares, atingindo inclusive locais antes permanentemente alagados.
“A frequência de incêndios está associada tanto à vegetação de campo quanto aos longos períodos de seca”, afirmou Mariana Dias do bioma Pantanal no MapBiomas.
A pesquisa ainda revela mudanças expressivas no uso da terra da BAP (Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai). Em 1985, 22% das terras da BAP tinham uso humano. Esse número aumentou para 42% em 2022.