Não se pode criar tecnologias sem entender qual é o destino desses materiais depois da sua vida útil. O alerta da pesquisadora e professora Beatriz Luz, que também é presidente do Instituto Brasileiro de Economia Circular, reflete uma preocupação que será o tema da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em novembro de 2025.
Semana passada, no festival de tecnologia REC’n’Play, no Recife, a professora organizou o Brazilian Circular Hotspot, que chamou a atenção para a reciclagem: “a mensagem da circularidade é que não se pode desenvolver também novas tecnologias sem pensar no que acontece depois com os materiais”.
Como exemplo, ela citou paredes eólicas e painéis solares, que são considerados produtores de energia limpa, porém que exigem um planejamento para depois da vida útil dessas tecnologias:
“A nossa proposta é promover esse olhar amplo, mostrar para as pessoas que tudo está integrado”.
Para a pesquisadora, o tema da economia circular pode trazer debates sobre o combate às mudanças climáticas. Ela analisou que ações para reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia devem ser tema de discussões de forma urgente. “Essa é uma estratégia para a regeneração do planeta, a proteção da biodiversidade e a redução da poluição e dos resíduos”, explicou.
De acordo com Beatriz Lua, a transição para a economia circular, precisa de uma transformação no “modelo mental”, na forma de gerar e de consumir, incluindo a maneira como a sociedade se relaciona com produtos e serviços.
“É importante ter o engajamento do poder público criando diretrizes favoráveis a esse novo modelo de negócio, com incentivos para produtos circulares”.
Além disso, a pesquisadora defendeu a necessidade de a indústria se engajar e entender as possibilidades e oportunidades de utilizar diferentes materiais recicláveis. A pesquisadora explicou que o tema virou lei em países europeus, onde os geradores de energia têm de se responsabilizar por todos esses aparelhos necessários para distribuir essa energia renovável.
“Se não for assim, a gente vai mudar um problema de um lugar para o outro. A gente vai eliminar o problema do combustível fóssil e gerar outro problema”.