De acordo com o estudo “Futuro da Energia”, publicado nesta terça-feira, 22 de outubro, pelo Observatório do Clima (OC), um Brasil de energia limpa, sem incentivos fiscais ao petróleo e com cidades replanejadas, em que a população consiga viver perto do trabalho e se locomovam de transporte público elétrico ou bicicleta, entre alguns outros ajustes, poderia diminuir a emissão de gases estufa do setor de energia em 80% até 2050.
A geração de energia e as emissões causadas pelo transporte são a maior causa global do aquecimento solar, em função da queima de combustíveis fósseis. Nesse quesito, o Brasil, é um ponto fora da curva por causa da grande participação das hidrelétricas na matriz energética brasileira, deixando ainda mais limpa em comparação a outros maiores emissores globais. Em torno de 60% da eletricidade no Brasil vem da força das águas, de acordo com dados do governo federal.
O desmatamento
O grande desafio nesta questão é o desmatamento, que diminui a cobertura de árvores e gera queimadas, ao mesmo tempo cancelando a capacidade natural de absorção de carbono (elemento presente nos gases estufa como metano e CO2), e produzindo mais emissões, liberando o carbono presente nas árvores durante a queima ou decomposição.
Com foco apenas no setor energético, o levantamento da OC indica medidas que, se forem aplicadas a diversos setores da economia, poderiam, em tese, diminuir as cerca de 490,6 milhões de tCO2e (toneladas de dióxido de carbono equivalente, medida que considera todos os gases estufa) emitidas anualmente pelo setor para 102 milhões de tCO2e em 2050.
Ao mesmo tempo que mantém as projeções atuais, mesmo levando em consideração as iniciativas em curso para a descarbonização, as emissões do setor de energia devem chegar a 558 milhões de toneladas de CO2e, segundo o estudo.
“O relatório mostra que é possível reduzir o uso de combustíveis fósseis mesmo num cenário de crescimento econômico. Com análises técnicas sólidas, demonstra que podemos alterar rotas equivocadas e contribuir no setor de energia para que o Brasil se torne um país carbono negativo até o ano de 2045”, afirma a coordenadora de políticas públicas do OC e ex-presidente do Ibama, Suely Araújo.