Com o mais recente blecaute em São Paulo, que deixou milhares de consumidores da Enel sem energia elétrica, tornou-se mais urgente o debate sobre como devem ser as próximas concessões de distribuição de energia elétrica. Entenda os pontos a serem levados em consideração, de acordo com especialistas.
No decreto está incluso as mudanças climáticas na renovação das concessões. Em junho, o governo publicou um decreto estabelecendo que, para ter a renovação de suas concessões, as empresas devem se preparar para as mudanças climáticas. A Aneel abriu uma consulta pública sobre o tema.
Empresas deveriam apresentar plano de prevenção. Para o advogado especialista em energia e sócio do Vinhas & Redenschi Advogados, Guilherme Vinhas, é importante obrigar as concessionárias a gerarem um plano de prevenção para eventos extremos, contendo análise de dados meteorológicos e estratégias de como eles serão solucionados.
“O argumento das empresas vai ser sempre que são eventos imprevisíveis. Mas hoje temos tecnologia para prever esses eventos. É óbvio que isso não vai evitar o dano, mas torna o sistema mais seguro”, disse o advogado Guilherme Vinhas.
Enterrar fios de rede elétrica
A necessidade de enterrar fios precisa ser enfrentada. Enterrar parte dos fios da rede elétrica é uma maneira eficiente de evitar danos causados pela queda de árvores. Contudo, é um processo caro. “É caro fazer. Mas em algum momento a gente vai ter que enfrentar isso. O ponto é definir de onde sairá o dinheiro. Se o custo ficar só com a concessionária, o resultado será o encarecimento da energia”, afirma Vinhas.
É necessãrio modernizar a rede atual. De acordo com o presidente da ABCE (Associação Brasileira de Companhias de Energia), Alexei Vivan, a atual rede de distribuição foi projetada para suportar ventos de até 80 km/h, sem levar em consideração a possível queda de árvores sobre os fios. A tempestade que afetou São Paulo na sexta-feira, 11 de outubro, teve ventos de mais de 100 km/h, os mais fortes em três décadas.
É precisar considerar o custo para o consumidor. Vivan afirma que muitas vezes as empresas discordam da tarifa definida pela Aneel, por considerarem que há mais necessidade de investimento. Porém, a agência leva em consideração também a modicidade tarifária, isto é, o custo para o consumidor final.