O grupo de pesquisa australiano Climate Energy Finance (CEF) revelou que os investimentos de empresas chinesas em projetos que envolvem tecnologias para energia limpa no exterior ultrapassaram 100 bilhões de dólares desde o início de 2023. Este marco reflete na liderança global da China ao produzir e exportar produtos como painéis solares, baterias de lítio e veículos elétricos.
De acordo com o que foi indicado pelo estudo, a China dianteira dessas tecnologias por uma “margem surpreendente”, com capacidades de investimento, inovação e fabricação notáveis. Este panorama vem gerando várias reações e ações por parte de diferentes países em relação ao domínio do país asiático nesses setores.
A China corresponde por 32,5% das exportações globais de carros elétricos, 24,1% das baterias de lítio e 78,1% dos painéis solares.
Investimentos brasileiros
Já o Brasil, que possui uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, detém um aporte de ao menos R$ 40 bilhões por ano em projetos solares, eólicos e hidrogênio verde, além de biocombustíveis, de acordo com o estudo feito pela consultoria A&M Infra.
Especialistas afirmaram que os investimentos são capitaneados, sobretudo, por energia solar. Com a redução nos preços das placas e os subsídios, empresas e consumidores estão recorrendo a essa modalidade, que já corresponde por quase 20% da geração de eletricidade, de acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Especialistas também destacam ainda o potencial do hidrogênio verde, que, de acordo com a pesquisa da consultoria Mirow & Co, pode atrair um investimento de US$ 40 bilhões, com os primeiros empreendimentos começando a funcionar em 2027 e com capacidade de criar 800 mil empregos.
Domínio da China vs outros países
Já o domínio do país chinês gera preocupações sobre o uso dos gigantescos excedentes de capacidade produtiva do país. Alguns críticos afirmam que isso pode inundar os mercados internacionais, diminuir preços e prejudicar concorrentes.
Em função dessas preocupações, Estados Unidos e Canadá já estabeleceram tarifas de 100% sobre os automóveis elétricos produzidos na China. A União Europeia vai votar sobre a questão das tarifas ainda nesta semana. As importações norte-americanas de painéis solares e baterias de lítio da China também estão enfrentando tarifas de 50% e 25%, respectivamente.
“Os investimentos das empresas privadas chinesas são em grande parte motivados pela necessidade de contornar as barreiras comerciais,” disse o analista da CEF e coautora do levantamento, Xuyang Dong. Este panorama vem levando empresas como a BYD e a CATL a procurar alternativas de fabricação fora do território asiático.