Mesmo com o país já enfrentando uma das estiagens mais severas da história do país, o setor elétrico indicou a aproximação de uma nova tempestade no horizonte.
Com a piora do cenário, mês passado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou o acionamento da bandeira Vermelha 1 e, agora, no mês de outubro, a Vermelha 2.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já há algum tempo solicitou aos produtores térmicos que ficassem de sobreaviso, para atendimento em horários de pico de consumo.
A nova medida que está sendo analisada pelo governo seria a retomada do horário de verão. Apesar de causar a redução da demanda média, o horário de verão amenizaria a pressão sobre o sistema, deslocando os horários de pico de demanda por iluminação pública e residencial, para não coincidirem com os picos de consumo residencial e industrial.
Isso em função ao atual desafio do sistema, que é a administração da oferta no período de ponta a partir das 18h. Esse cenário de dificuldade em atender à ponta sempre acontece em países com alta presença de fontes renováveis intermitentes, como a solar e eólica, em suas matrizes elétricas.
Ao longo do dia, principalmente das 10h às 15h, há uma forte entrega fotovoltaica, o que auxilia no pico de consumo por volta das 14h. Entretanto, no pôr do sol, essa oferta desaparece. E, é justamente no fim da tarde, quando a iluminação pública é acionada, trabalhadores voltam para suas casas, e bares e restaurantes atendem ao maior número de clientes, que acontece um novo aumento da demanda que passa a ser atendida por geração térmica.
Isso acaba por impactar no aumento nos preços. O exemplo mais extremo do descolamento dos preços da energia foi expresso pelo Preço da Liquidação das Diferenças (PLD) em 28 de junho. O PLD horário, que estava em torno de R$ 61,07/MWh, ao longo do dia, saltou para R$ 1.470,57/MWh às 18h, o que surpreendeu o mercado, para depois retornar ao patamar inicial (R$ 61,07/MWh).
Por isso que frente a esse cenário preocupante de garantir o fornecimento de energia, a medida mais importante, e que o mercado continua esperando, é a realização do leilão de capacidade. Todo mundo ainda tem esperança de que esse leilão seja realizado em 2024.