De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), esse período de seca no Brasil é mais extremo da história e os impactos vão além da mudança climática ou efeitos na saúde da população, a economia também pode ser afetada.
O cenário inédito deve se manifestar de forma imediata no bolso dos consumidores, afirmaram economistas. Entre os motivos principais, destaca-se o aumento no preço dos alimentos e o acréscimo da conta de luz.
Alguns efeitos também devem ser refletidos a longo prazo, como maior pressão na inflação, e por consequência aperto dos juros, em função da falta de oferta e interrupção de operações.
A redução na produção de alimentos é um dos efeitos mais visíveis da atual situação de seca. Com a disponibilidade menor, a tendência é de encarecimento dos produtos.
“O Brasil é um país agrícola, boa parte da oferta dos alimentos de cesta básica depende de condições climáticas regulares, exatamente para não haver redução de oferta e com isso um aumento de preços”, diz o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz.
De acordo com Braz, a situação tem maior implicação nas famílias de baixa renda, uma vez que grande parte do orçamento deste grupo vai para a compra de alimentos.
Efeito das mudanças climáticas
Conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com as mudanças climáticas, a laranja, por exemplo, é um dos alimentos que pode ter os maiores efeitos em função da massa de ar quente em grande parte do Brasil, além da banana.
De acordo com a companhia, a produção já sofreu um aumento de preços por causa da baixa quantidade produzida e deve ter este acréscimo acentuado devido a irregularidade de chuvas.
A falta de chuvas também aumenta o preço da fatura de energia, uma vez que mais da metade da produção de energia do país vem da matriz hidrelétrica. Para evitar o desabastecimento de energia no país, o governo é obrigado a acionar usinas termelétricas, que demanda um maior gasto de operação.
A seca do rio Madeira, em Rondônia, ficou abaixo de um metro pela primeira vez desde o começo das medições do Serviço Geológico do Brasil (SGB), em 1967. Consequentemente, a usina hidrelétrica Santo Antônio interrompeu parte de suas unidades geradoras.