O ONS, Operador Nacional do Sistema Elétrico, prevê elevar os limites de exportação de energia gerada no Nordeste para o restante do país, em setembro, o que pode gerar uma contribuição para diminuir o volume de cortes de geração renovável, disse o diretor de operações do órgão, à Reuters.
Christiano Vieira avaliou, na entrevista, que os cortes não são excessivos e negou que o ONS esteja sendo “conservador” na operação do sistema elétrico e impondo mais restrições à geração renovável desde agosto de 2023, quando um evento simples em equipamentos no Ceará resultou em um apagão de grandes proporções no país.
Os limites de escoamento da energia que foi gerada no Nordeste para asoutras regiões foram restringidos em função desse acontecimento e, após um ano, ainda não foram totalmente restabelecidos.
O ONS prevê que esses limites podem ser elevados para 13.000 megawatts, em comparação aos atuais 11.600 MW, com a entrada em operação da linha de transmissão Jaguaruana II, Pacatuba.
“Com essa obra, basicamente retornamos ao limite de escoamento que tínhamos pré-agosto de 2023”, disse o diretor, e ressaltou que novas linhas permitem que o ONS recalcule suas “regiões de segurança” operativa, assim abrindo um espaço para elevar o fluxo da energia na rede elétrica nacional.
O que preocupa as empresas
Os cortes de geração de energia têm preocupado alguns investidores das fontes eólica e solar, que relataram um agravamento dessas ações sem que haja compensação financeira pela energia “desperdiçada”.
Companhias como CPFL e AES anunciaram nas últimas semanas ter tido perdas no segundo trimestre por causas dos cortes. A avaliação é de que esse descarte deve continuar até se agravar, à medida que oferta de energia renovável cresce mais rápido do que a rede de transmissão para escoá-la.
Os cortes chamados tecnicamente de “curtailment” ou “constrained-off” são determinados pelo Operador Nacional de Sistema Elétricos, na operação em tempo real do sistema brasileiro, e podem se realizados quando não há capacidade de escoamento da energia, seja por falta de linhas de transmissão ou quando a produção supera a carga a ser atendida.